“Antes de entrar no projeto tinha muita coisa que eu não sabia. Minha visão sobre o mundo ainda era muito limitada. Eu achava que ser negra era só fica de boa no canto e não envolver com bagunça, para não ser acusada. Mas, depois que entrei no projeto, aprendi tanta coisa”, relata Daniele Moreira da Conceição, 16, participante do projeto de extensão, Afrocientista.
O Afrocientista é um projeto de Iniciação Científica e extensão que trabalha com a comunidade escolar do Parque São Jorge. Cintia Camargo Vianna, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Poéticas Latinoamerica e Afrodiaspórica (Geplafro), explica que a ação é uma parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), na qual seis jovens recebem uma bolsa de iniciação científica na Educação Básica, com valor de R$ 230,00 e mais o auxílio transporte. A proposta é que esses jovens sejam introduzidos no universo da investigação e que tenham também uma formação paralela à da escola em educação para as relações étnico-raciais. “Eles pesquisam intelectuais negros contemporâneos nos espaços eletrônicos, nos canais digitais, influencias negras. E têm acesso à educação anti-racista, que é um negócio fantástico também. São jovens de 15 e 16 anos, negros e negras que não tinham ouvido falar das temáticas raciais na escola”, explica Vianna.
A Conexões retoma hoje a série “A UFU no cotidiano de Uberlândia”, na qual temos apresentado projetos e ações da Universidade Federal de Uberlândia que impactam diretamente na vida da população, sobretudo de grupos mais vulneráveis. Como explicamos no editorial que abriu nossa série, extensão é o nome dado a toda ação desenvolvida pelas universidades junto à sociedade, fazendo chegar à população os conhecimentos produzidos no ensino e na pesquisa. O pró-reitor de Extensão da UFU, Hélder Silveira, em entrevista para a Conexões destaca que a extensão é, justamente, a articulação entre a formação que o estudante recebe na universidade em sua relação com a sociedade. Significa “esse estudante se articulando com os diferentes espaços sociais, sejam esses espaços a sociedade de uma forma geral, os grupos vulneráveis, e as diferentes pessoas que vivem dilemas sociais”, sintetiza Silveira.
O Geplafro foi precursor de alguns projetos de extensão com o enfoque em uma educação antirracista. Além do Afrocientista, tem o Linguafro, projeto de ensino de idiomas para pretos, pardos e indígenas, para estudantes da UFU que estão em situação de vulnerabilidade e para comunidade externa; e o projeto Negras Memórias, que trabalha com jovens de comunidade tradicionais, as comunidades de terreiro de Uberlândia. O Transnegressão, é um projeto de preparação para a pós-graduação, voltado para estudantes pretos, pardos e indígenas e para a comunidade externa da UFU que também se inclua nesse recorte.
Cintia Vianna explica que os cursos Transnegressão e o Linguafro atendem, em média, 40 pessoas. O Afrocientista contempla seis jovens bolsista e o Negras Memórias trabalha diretamente com, mais ou menos, 15 mulheres e homens que participam de um grupo de dança, mais um grupo de 10 meninas que são de casas de candomblé diferentes. Com a perspectiva da expansão, caso não seja atingido pelos cortes, o projeto Negras Memórias deve ser levado para duas escolas e um projeto social no segundo semestre de 2019, e as ações devem chegar a ainda mais pessoas. Segundo Vianna, todos esses projetos são feitos por dois bolsistas de extensão, quatro bolsista de Iniciação Científica e seis estudantes voluntários.
ACESSE AQUI: https://www.agenciaconexoes.org/projetos-de-extensao-que-transformam-vidas/