Antônio Nego Bispo fez a passagem este domingo (03) e se junta à ancestralidade e aos encantados deixando um legado formidável para a luta quilombola
Escrito por Helen S.
Revisado e publicado por Maria V. Gonçalves
A ABPN lamenta a partida de uma das lideranças quilombolas mais proeminentes atualmente, seu Antônio Bispo dos Santos, também conhecido como Nêgo Bispo, aos 63 anos. Militante do movimento social quilombola e de direitos à terra, lavrador, poeta, escritor, professor, ativista político. Ele faz parte da primeira geração de sua família a concluir o ensino fundamental, mas também formou-se pelos saberes ancestrais e da oralidade de mestras e mestres no território que habitava no quilombo Saco-Curtume, município de São João do Piauí.
Atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (Cecoq/PI), foi presidente do Sindicato de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais de Francinópolis/PI e diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Piauí (FETAG/PI). Atuou também na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
Nêgo Bispo deixou um legado para a luta quilombola em todas as palestras e encontros que realizou nos últimos anos, bem como, nas vivências pelos lugares que andou e nos livros que publicou, tais quais “Quilombos, modos e significados” (Editora COMEPI, 2007), e “Colonização, Quilombos: modos e significados” (ICNT de Inclusão, 2015) e “A terra dá, a terra quer” (Editora UBU, 2023).
Que a ancestralidade o acolha em um bom lugar, junto aos encantados, no Orún e que seus ensinamentos não sejam nunca esquecidos na memória e no ativismo de quem fica. Nêgo Bispo presente hoje e sempre!