Dossiê Quilombos, ecologia, política e saúde: perspectivas antropológicas

Segundo a Fundação Cultural Palmares, órgão oficial do governo, o Brasil conta com 3.386 comunidades quilombolas certificadas. Deste total, 386 comunidades (cerca de 10%) estão localizadas nos estados da região Norte, mas, se somarmos a estes os estados do Maranhão e do Mato Grosso, chegamos à estimativa de quase 1.260 comunidades. Ou seja, mais de um terço das comunidades certificadas do país está situada na Amazônia Legal. Em contraste com os números oficiais, o movimento Negro estima aproximadamente seis mil comunidades quilombolas. Por outro lado, apenas 178 delas tiveram seus territórios titulados. A falta de garantia jurídica do território, a extinção das políticas públicas diferenciadas, o novo avanço dos grandes empreendimentos minerários, agropecuários e de infraestrutura, além do racismo histórico e estrutural deixam essas comunidades em uma situação de particular vulnerabilidade. É neste contexto que suas formas de ser e de gerir o espaço são confrontadas com um modelo de desenvolvimento que articula o autoritarismo dos projetos estatais à voracidade do capital privado, colocando-as no centro dos conflitos socioambientais que cruzam a Amazônia. Cabe à antropologia uma reflexão sobre as diferentes racionalidades, concepções de natureza e de desenvolvimento em situações de conflito; e sobre as mecânicas, mediações e escalas nas quais tais conflitos são produzidos e se desdobram, tendo impacto inclusive na saúde das pessoas, das populações e do ambiente. Este número temático de Amazônica – Revista de Antropologia, visa contribuir para ampliar as informações e análises disponíveis sobre os grupos quilombolas do Brasil e da Amazônia, além de apostar na produção de uma abordagem complexa da construção do conhecimento sobre essas populações, e na formulação e implementação de políticas públicas voltadas às suas necessidades e demandas.

Serão considerados para potencial publicação artigos em todos os campos da antropologia e áreas afins, abordando quaisquer aspectos da temática conforme delineado na chamada. Todos os artigos submetidos serão analisados pelos organizadores e por pareceristas independentes.

Prazo para a submissão de artigos: 31 de março de 2020.

ACESSE: https://periodicos.ufpa.br/index.php/amazonica/index

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