Relatório constatou que a desigualdade étnico-racial nas academias é maior do que a desigualdade relacionada a gênero.
Escrito e publicado por: Jhoária Carneiro
Revisado por: Helen S.
A Diretoria de Análise de Resultados e Soluções Digitais (DASD) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) elaborou uma análise a partir dos dados do Painel de Fomento em Ciência, Tecnologia e Inovação, lançado pela entidade em setembro deste ano. A pesquisa divulgada constata números que revelam que há uma desigualdade em relação às bolsas ofertadas no quesito de raça e também de gênero.
As análises apresentadas consideram dados do período de 2005 a 2022, que revelou um potencial de investimento de aproximadamente apenas 18% direcionado à população negra e somente cerca de 4% para pessoas autodeclaradas pretas.
Para o professor Alan Brito, bolsista CNPq do CAPES e associado da ABPN, os dados demonstram que os processos de bolsa pesquisas no Brasil são discriminatórios:
“É muito importante esse resultado de pesquisa porque demonstra o quanto os sistemas acadêmicos, quando diz respeito à bolsa de produtividade, que é uma, de certa maneira, é uma medida de como se dá os processos de pesquisa no país, que também são segregados”, afirmou Brito.
Em outro boletim, nas bolsas de formação de modalidade de Iniciação Científica, cerca de 52% dos beneficiários das bolsas/ano são autodeclarados brancos, aproximadamente 30% são negros, sendo 6% autodeclarada de cor preta e somente 0,25% de indígenas.
No fim do relatório, em um comparativo, constatou-se que há uma maior desigualdade nas ofertas de bolsas étnico-raciais do que nas de gênero.
Alan acredita que a pesquisa foi e é de grande importância para a comunidade preta acadêmica e trouxe à tona uma reflexão importante acerca das questões de gênero e raça:
“Quando a gente compara com as questões de gênero, a disparidade é ainda mais drástica, então isso demonstra que a questão racial é, de fato, uma categoria que precisa ser aprofundada com muito cuidado, pensando as intersecções, mas sem deixar de lado a importância que essa categoria tem” confirmou o professor.
O CNPq informou através do boletim divulgado que os dados serão usados para reflexão e avaliação dos próximos passos das ações no que tange às medidas que ajudem a mitigar essa desigualdade na realidade nacional para então contribuir com o avanço de uma maior diversidade e pluralidade no fomento da ciência brasileira.
Acesse a pesquisa completa aqui.