Esta pesquisa investiga o modo como os escravizados resistiram e procuraram, de diferentes formas, combater a instituição escravista na Alagoas oitocentista. Para tanto, toma como eixo norteador as experiências de vida desses sujeitos históricos, dando ênfase às vozes dissonantes dos escravizados, mas também atentando para as redes de solidariedade e sociabilidade estabelecidas com libertos e livres pobres. Desse modo, procura-se estudar episódios de resistência à escravidão protagonizados por essa população que se reinventou e desenvolveu, dentro das possibilidades existentes, variadas estratégias para conseguir seus meios de subsistência e se opor à instituição escrava, tendo sempre a liberdade em seu horizonte. A tese aborda a revolta escrava de 1815 em Alagoas, a Guerra dos Cabanos (1832-35) e os motins contrários à “Lei do Cativeiro” (1851-52). Também se atém à década da abolição da escravidão no Brasil (1880), analisando as queixas de agricultores e outros membros das elites locais que reclamavam da “falta de braços escravos”, dos bandos de ladrões de cavalos e da “quilombizacão” da cidade de Maceió devido às constantes fugas de escravizados das fazendas. Antes de analisar essas questões, reflete-se sobre como se constituiu, na sociedade alagoana do século XIX, a representação da memória em torno do episódio de Palmares, e discorre-se sobre os grupos étnicos dos africanos presentes em Alagoas e a importância da cultura oral e do corpo no processo de reavivamento de suas memórias na diáspora. Com isso, busca-se contribuir para um melhor entendimento da história da escravidão e da liberdade, a partir do recorte temporal oitocentista, e das tensões e pressões que desencadearam a abolição. Focando uma região que, apesar dos muitos estudos sobre o Quilombo dos Palmares, possui uma lacuna de pesquisas historiográficas sobre o protagonismo de escravizados, libertos e livres pobres no processo de desestabilização da instituição escrava.
MARQUES, Danilo Luiz et al. Sob a “sombra” de Palmares: escravidão, memória e resistência na Alagoas oitocentista. 2018.
Possui Graduação em História pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL (2008), Mestrado (2013) e Doutorado (2018) em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com período de estágio sanduíche na Michigan State University (2017), nos Estados Unidos. Tem se dedicado a pesquisar temas tais como História do Brasil no século XIX, Resistência Escrava, Gênero e Escravidão, e História e Historiografia Alagoana. É membro da Equipe Editorial da Revista Crítica Histórica. Atua na formação de professores com a temática étnico-racial e foi professor efetivo de História da Rede Pública Estadual de Educação de São Paulo. Coordenou o Curso de Especialização em História da África: educação, cultura e relações internacionais do Centro Universitário Assunção (UNIFAI), onde ministrou as disciplinas Ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira, História do Negro no Brasil e Antropologia Cultural. Foi professor efetivo de História no Instituto Federal de Alagoas (IFAL), Campus Santana do Ipanema. Atualmente, é professor efetivo de História do Brasil I e Ensino de História na Universidade Federal de Alagoas, Campus A.C. Simões. Membro do corpo docente do PPGH-UFAL. Coordenador Geral do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) da UFAL.
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