Repensar o multiculturalismo e o desenvolvimento no Brasil: políticas públicas de ações afirmativas para a população negra (1995-2009).

Esta pesquisa faz parte dos estudos das relações raciais que têm discutido a questão da integração social do negro no Brasil. Pretende renovar estes estudos numa perspectiva de busca de relações entre a política de ações afirmativas e o desenvolvimento da população negra. Para tanto, fundamentando-se na teoria de campos de Bourdieu que sugere o estabelecimento de um diálogo teórico e metodológico entre as abordagens alternativas do desenvolvimento e do multiculturalismo. No primeiro caso, privilegia-se as teorias do desenvolvimento humano do PNUD, do desenvolvimento como liberdade de Amartya Sen, do desenvolvimento econômico comunitário de Daniel Champagne, da nova sociologia econômica de Benoit Lévesque, de Louis Favreau e de Jean- Marc Fontan. No segundo caso, volta-se para a teoria do multiculturalismo emancipatório de Boaventura de Sousa Santos. Desse encontro é que se constrói o referencial teórico-metodológico dessa investigação denominado de desenvolvimento econômico multicultural. Este é, também, um instrumento de avaliação, forjado do diálogo feito com a teoria de “avaliação da quinta geração” de Jean-Marc Fontan e Elaine Lachance, que no contexto do Canadá, faz parte das práticas científicas do desenvolvimento econômico comunitário e da nova sociologia econômica. É igualmente esse instrumento teórico-metodológico que nos permite intervir de forma crítica e construtiva no debate atual sobre as políticas públicas de ações afirmativas em curso no país, considerando-se os períodos dos dois mandatos de FHC (1995-2002) e de Lula (2002-2009), como momentos de sua emergência e consolidação no espaço público. A avaliação feita elegeu, pelo menos, uma entre tantas outras ações afirmativas implementadas pelo Estado, pelo setor privado e pela sociedade civil para salvaguardar a complexidade do tema. Buscou-se identificar os avanços e limitações que cada projeto/programa pesquisado comporta. Dentro das análises feitas, o que se verificou é que existe uma relação entre as ações afirmativas e a temática do desenvolvimento emancipatório. Tal vínculo, do ponto de vista teórico, muitas vezes, se apresenta de maneira implícita ou explícita; além disso, nos exige debater, hoje, as políticas de ações afirmativas, não meramente, como uma questão de cotas, pelo contrário, como um debate democrático republicado que tem a ver com o novo projeto do desenvolvimento da nação.

Como citar...

MALOMALO, Bas' ilele. Repensar o multiculturalismo e o desenvolvimento no Brasil: políticas públicas de ações afirmativas para a população negra (1995-2009). 2010.

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Bas'ilele Malomalo

Doutor em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquista/UNESP (2010), é docente de graduação nos cursos das Relações Internacionais, Ciências sociais, Mestrado Interdisciplinar em Humanidades (MIH) do Instituto de Humanidades e Letras (IHL) da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), docente colaborador no Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais e Cidadania (PPPSC) da Universidade Católica de Salvador (UCSAL), coordenador do Grupo de Pesquisa África-Brasil: Produção de conhecimentos, sociedade civil, desenvolvimento e cidadania global, pesquisador associado do Centro dos Estudos das Culturas e Línguas Africanas e da Diáspora Negra (CLADIN-UNESP); INTERSSAN/UNESP; da Rede para o Constitucionalismo Democrático Latino-Americano, Pesquisador e membro do Comitê Internacional da Cadeira da Unesco Educação Transformadora, Democracia e Cidadania Mundial, da UQO, Canadá e expert da plataforma Harmony With Nature/ONU. Tem experiência na área de Ciências sociais, Historia da África e do Negro no Brasil e Filosofia africana, atuando principalmente nos temas seguintes: sociologia africana, estudos das relações raciais, multiculturalismo, migrações e Filosofia africana cooperação internacional, desenvolvimento sustentável, direitos da natureza, segurança alimentar e nutricional.

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