Este trabalho objetivou analisar manifestações àìmòṭológicas frente a percepções do conhecimento produzido e ignorâncias frente a questões de gênero e raça, de docentes de cursos de pós-graduação da UTFPR e UTP, a partir dos seus respectivos lugares enunciativos. Teve como elemento motivador inicial a dissertação de mestrado, defendida em agosto de 2017, onde esta procurou inserir um olhar de gênero nas métricas publicizadas de produção científica de docentes, de dois programas de pós-graduação do Campus Curitiba da UTFPR, a partir das bases de dados oficiais disponíveis. A natureza da pesquisa é qualitativa/interpretativa, localizada, interdisciplinar e situada. Buscou-se o esforço teórico/metodológico de constituir uma trilha analítica discursiva própria, para dialogar com as falas de docentes da UTFPR e UTP entrevistados/as. Adjunto à criação deste instrumento analítico, apresentou-se também um conceito/noção de ignorância sistêmica e coletiva, a àìmòtológia ̣ . Este conceito teve como fundamentos basilares, para além de literatura científica já produzida sobre a ciencia da ignorância, alguns fundamentos coletivos das culturas afro, a partir de diálogos realizados entre 2019 e 2020 com um Bàbálórìsà e uma Ìyálórìsà brasileiros. Essas conversas realizadas, com as autoridades coletivas máximas do Candomblé, se converteram finalmente em um dos procedimentos metodológicos/analíticos; os instrumentos de pesquisa utilizados foram entrevistas semiestruturadas com docentes homens e mulheres de cursos stricto senso da área de engenharias e humanidades das duas universidades, combinados as anotações de diário de campo realizadas durante o estágio doutoral e outras pesquisas realizadas no Brasil antes do Doutorado Sanduíche (Edital 47/2017 – Capes). No caso da universidade colombiana, o período de entrevistas compreendeu os meses de março a julho de 2019. Com relação à universidade brasileira, as entrevistas foram realizadas de 2017 (após aprovação de projeto em comitê de ética, processo de progressão direta de mestrado para doutorado e exames de qualificação da pesquisa) até setembro de 2018. A escolha do país e supervisão acadêmica no exterior perpassou pelos seguintes critérios: composição racial, cultural, econômica e social com similaridades à realidade brasileira; contexto de pesquisa com elementos semelhantes à realizada no Brasil; contexto de universidade com características e singularidades à realidade brasileira e/ou latinoamericana e, por fim, supervisão acadêmica de relevância regional/latinoamericana. Observar realidades similares/diferentes da pós-graduação colombiana e brasileira permite pensar novas epistemologias latinoamericanas de produção científica/tecnológica, criticizando o modo como se produz os documentos de divulgação da produção acadêmica de docentes e as questões interseccionais presentes, como cultura de cada país, divisão social e sexual do trabalho, racismos, sexismos e Lgbtfobias, financiamento de projetos, colaboratividade entre pesquisadores/as latino-americanos/as e de outros continentes e, finalmente, formas de pensar a ciência em áreas diversas com as relações de poder entre os/as pesquisadores/as.
FERREIRA, Michel Alves. Que verdades podem nos fazer livres? desvelando discursos àìmòtológicos de gênero e raça nos espaços das universidades. 2021. Tese (Doutorado em Tecnologia e Sociedade) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2021.
Doutor em Tecnologia e Sociedade pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR/PPGTE). Realizou Estágio Doutoral Sanduíche (Edital 47/2017 – PDSE/CAPES), na Universidad Nacional de Colombia – Sede Bogotá (2018-2019) – Escuela de Estudios de Género (EEG). Também é Mestre pelo mesmo programa (UTFPR/PPGTE). Especialista em Neuropsicologia e Educação pelo ITECNE. Graduado em Turismo pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Técnico em Segurança do Trabalho pelo CENTPAR – Centro Paranaense de Formação Técnica LTDA. Participou do Grupo de Estudos e Pesquisas Sobre Relações de Gênero e Tecnologia – GETEC, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, de março de 2015 até setembro de 2021. Atualmente está realizando pós-doutorado, junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal de Goiás (UFG), realizando pesquisa sobre o turismo a partir das contribuições dos estudos críticos da raça e do movimento afroturismo. Também faz parte do Grupo de Pesquisa Labor Movens: Condições de Trabalho no Turismo, da Universidade de Brasília (UnB), e do Grupo de Pesquisa Gritus: Gênero, Raça e Interseccionalidades no Turismo, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) – Campus Sorocaba.
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