Práticas Pedagógicas Antirracista: vida e obra de Carolina Maria de Jesus como conteúdo curricular na aplicação da lei 10.639/03

Este trabalho tem o objetivo de analisar como a vida e obra da escritora Carolina Maria de Jesus
fornecem subsídios para práticas pedagógicas a partir da Lei 10.639/03 nas escolas públicas.
Dito isso, é notório que a legislação foi responsável por mudanças profícuas acerca das relações
étnico-raciais. Conseguinte, a educação antirracista foi ganhando espaço e novos métodos,
possibilitando a valorização das construções negras em nosso país, bem como, orientando para
o combate sistêmico do racismo e o fortalecimento da identidade negra dos(as) estudantes. A
hipótese da pesquisa é que Carolina Maria de Jesus e o conjunto das suas obras estão
contribuindo para uma educação antirracista nas escolas públicas, porém, não havia pesquisas
que constatassem esse feito. A pesquisa tem caráter qualitativo, e, para a comprovação da
hipótese os procedimentos metodológicos foram: revisão de bibliografia, estudo teórico e
pesquisa empírica com análises espelhadas em Bardin (2016). A pesquisa ouviu seis
professores(as) da Educação Básica pública que atuam na perspectiva antirracista e,
consequentemente, utilizam a vida e obra da intelectual. Assim, diagnosticamos que: 1) A Lei
10.639/03 tem sido relevante para práticas pedagógicas nas escolas públicas; 2) Carolina Maria
de Jesus tem uma forte identidade com os(as) professores(as) e os(as) estudantes das escolas
públicas; 3) A vida e obra da autora dialogam diretamente com os propósitos da Lei 10.639/03;
4) Carolina Maria de Jesus e seus manuscritos fornecem um vasto campo para estratégias de
combate ao racismo nas escolas públicas; 5) A intelectual oferece ferramentas para trabalhar as
questões corpóreas negras no campo da identidade; 6) A vida e oba de Carolina Maria de Jesus
contribuem para práticas pedagógicas antirracistas. Também foi possível diagnosticar que a
vida e as obras da autora ainda não são exploradas de maneira plena, fazendo com que muitas
práticas se voltem apenas para seu livro Quarto de Despejo, o que não condiz com a herança
literária e cultural deixada por ela, visto que, há outras obras publicadas em diversos gêneros,
um disco musical e trechos de um documentário disponíveis na internet. Destarte, a pesquisa
aponta que a vida e obra de Carolina Maria de Jesus continuem sendo utilizadas em acordo com
a Lei 10.639/03, pois possibilita o seguimento de práticas pedagógicas antirracistas nas escolas
públicas, visando uma sociedade plural, combatente das desigualdades, que valore a identidade
negra dos(as) estudantes e reconheça a produção intelectual de uma mulher negra.

Como citar...

Jesus, Michael Dias de, Práticas Pedagógicas Antirracista: vida e obra de Carolina Maria de Jesus como conteúdo curricular na aplicação da lei 10.639/03 / Michael Dias de Jesus - 2023.

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Michael Dias de Jesus

Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pós-Graduado pelo Instituto Federal de São Paulo em Docência do Ensino Superior (2021). Graduado em Geografia Pela Faculdade de São Paulo (2015). Atualmente é professor de Geografia da rede Estadual do Estado de São Paulo. Integrante do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do Instituto Federal de São Paulo (NEABI). Integrante como estudante do Grupo de Pesquisa e Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (GPEABI) IFSP. Membro do coletivo negro Quilombo Cabeça de Nego (IFSP). Atuante em banca de heteroindentificação. Estudante das relações étnico-raciais. Seus estudos versam sobre: educação antirracista; racismo institucional nas escolas; aprendizagem das crianças negras na educação básica; descolonização do currículo; formação de professores como agentes de combate do racismo. No que tange ao campo de pesquisa, tem evidenciado como a vida e obra de Carolina Maria de Jesus são aparatos para aplicação da Lei 10.639/03 nas escolas públicas.

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