Políticas de Acesso e Permanência na Educação Superior: Reflexões de negras/os egressas/os da Pedagogia do CPAN/UFMS

Entende-se que o processo educacional é cíclico e constante em transformações. Educar é vida, e vida se constitui nas relações que são as mudanças e a necessidade de renovar, para que assim se constitua na sua essência, a qualidade, a equidade e a garantia de direitos que devem ser inalienáveis a crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, mulheres e homens e sua diversidade. Tendo em vista a busca por aprofundar conhecimentos acerca das políticas públicas de permanência na educação superior, bem como o reconhecimento da Lei de Cotas e do reconhecimento da Constituição Federal que garante em sua essência a plena liberdade de aprender como direito de todos. Essa pesquisa visa analisar o acesso e a permanência de estudantes negras/os na educação superior; por meio das narrativas de egressas/os (2018-2022) auto identificadas/os como negras/os, do curso de Pedagogia do CPAN/UFMS. Consolida-se esse estudo a partir do entendimento trazido pelos egressos, sobre o modo como as políticas públicas o acesso e a permanência destas pessoas na educação superior proporcionaram a conclusão do curso e o viável protagonismo profissional, com reconhecimento de si, enquanto pessoa negra e seus potenciais poderes de transformação social e cultural em ambientes educativos. É uma pesquisa qualitativa de caráter interpretativo dos dados pesquisados. Destacou-se quatro categorias de análise. Foram abordadas quinze pessoas nas entrevistas. Identificou-se como resultado dessa pesquisa que as políticas de acesso e permanência promoveram a apropriação intelectual destes estudantes e seu reconhecimento identitário. A Tese de que reconhecer-se pessoa negra é sumariamente essencial para ações, protagonismos e o reconhecimento do lugar de fala/ação como o espaço que não necessita de interpretes/porta-vozes, pois apropriados de suas condições de sujeitos imersos em um Estado democrático de direito, que determina a igualdade entre todas as pessoas independente de suas singularidades e diferenças, estes entenderão e defenderão suas posturas e busca pelo direito a socialização, cultura, e todos os bens materiais e imateriais acumulados pela humanidade, sem qualquer tipo de fronteira ou barreira por seus fenótipos, ou seja, por ser este homem, preto, ou esta mulher, preta. Concluiu-se que estas pessoas têm conhecimento acerca do racismo estrutural que interfere diretamente nos processos educacionais, diante de reconhecerem a existência de uma legislação acerca do ensino da história e da cultura do povo afro-brasileiro e indígena, mas que ainda nas ações escolares, estão vinculados a datas comemorativas. No entanto, o Brasil ainda precisa desenvolver outras políticas e movimentos enquanto nação, para a consagração de uma outra estrutura social, embasada em políticas públicas e sociais, postas em prática, para que o racismo, a discriminação, os processos excludentes e cerceadores sejam postos em evidência, façam parte da educação com todas e todos, sem qualquer tipo de esquecimento da importância e da luta do negros, mas sem deixar os povos originários esquecidos na estrutura desse país, no entanto há necessidade de reconhecer e assumir suas identidades étnico-raciais sem o risco de sofrer algum tipo de preconceito, racismo ou exclusão.

Como citar...

Vieira, Leandro Costa. Políticas de Acesso e Permanência na Educação Superior: Reflexões de negras/os egressas/os da Pedagogia do CPAN/UFMS. Tese – UFMS. Campo Grande, 2023.

Leandro Costa Vieira

Leandro Costa Vieira

Professor Adjunto junto a Universidade Federal do Mato Grosso de Sul – Campus do Pantanal – CPAN/UFMS. Atua como Arte/Educador no curso de Pedagogia – Licenciatura. Líder do Ateliê – Grupo de Estudos em Narrativas, Cotidianos e formação de professores (criado em 2016). Doutor em Educação – UFMS (2023). Mestre em Educação – UFMT (2015). Especialista e graduado em Artes Visuais – Licenciatura, pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG (2003-2007/2007-2009). Tem experiência no campo do Ensino de Artes, Gestão Escolar e formação de professores no Curso de Pedagogia. Desenvolve estudos nos campos das relações étnico raciais, racismo estrutural, discriminação, diversidade e diferenças, políticas de acesso e permanência na educação superior de pessoas negras. Arte/Educação.

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