Corpo de Cristo, Máscaras de Diabos: etnopolítica e espaços de performance nos Diablos Danzantes de Yare, Venezuela

Esta pesquisa analisa as relações sociais dos Diablos Danzantes de Yare, confraria eucarística do centro-norte venezuelano, através das quais situa e elucida a complexidade simbólica e sociopolítica dessa festa e de seu respectivo campo social, denominado por Campo Festivo dos Diablos de Yare. Sua proposta diz respeito à compreensão da experiência de ser e estar no mundo e da produção de sentidos dos Diablos de Yare em face aos agenciamentos e às reflexividades pelas quais passam, considerando sua trajetória histórico-social, que fê-los ocupar o centro da festa de Corpus Christi na Venezuela. Caracterizado como uma pesquisa interdisciplinar, este estudo orienta-se por três princípios fundamentais, mutuamente influenciados e organicamente vinculados, os quais consistem no pensamento relacional na construção social da pesquisa; na nova cartografia social como etnografia fundamental à investigação; e na proposição de uma possibilidade de integração praxiológica entre os referenciais teóricos e os quadros obtidos com os trabalhos empíricos realizados, denominada como experiência de ensamble. Realizado na Parroquia San Francisco de Yare do Município Simón Bolívar (Estado Miranda, Venezuela), a pesquisa coletou dados em trabalhos de campo mediante realização de entrevista não diretiva, entrevista diretiva, observação direta, registros audiovisuais e fotográficos, georreferenciamento, e oficina de cartografia social, com concomitante pesquisa bibliográfica e documental. Em seu decorrer, o estudo faz a apresentação contextual do conjunto de festas denominadas por Diablos Danzantes de Corpus Christi de Venezuela, apresenta denso relato etnográfico acerca dos Diablos de Yare, discorre sobre a concretização das segundas vida e vinda cristã na localidade durante os dias de realização da festa e discute as práticas de constituição, distribuição espacial e acionamento de sensos políticos e sociais de expressões incorporadas em espaços de performance, instaurados por meio do que define por processo etnopolítico dos Diablos de Yare. Por fim, a pesquisa realiza a ultrapassagem do entendimento da festa-fato para a apreensão da festa-questão no evidenciamento dos Diablos de Yare enquanto corpos que ressonam especificidades históricas, simbólicas e políticas para compreensão de processos sociopolíticos e culturais que constituem e configuram o local e o nacional na Venezuela.
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Como citar...

JÚNIOR, Amarildo Ferreira. Corpo de Cristo, Máscaras de Diabos: etnopolítica e espaços de performance nos Diablos Danzantes de Yare, Venezuela. Tese – UFPA. Belém, 2019.

Amarildo Ferreira Júnior

Amarildo Ferreira Júnior

Pesquisador em defesa da educação pública, gratuita, de qualidade, laica e socialmente referenciada com atuação na educação básica, na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e no ensino superior, nos níveis de graduação e pós-graduação. Amazônida, nasceu em 1987, em Belém (Pará), e desde 2016 vive em Boa Vista (Roraima), no extremo norte do Brasil. Pai de Antônio Diadorim (Diá) e Fidel Lekan, é professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima – IFRR, onde também é Diretor do Departamento de Políticas de Pesquisa e Pós-Graduação, docente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública, coordenador do Grupo de Pesquisa em Etnopolítica, Pensamento Administrativo e História do Estado e das Instituições – Epahei e membro do Núcleo de Estudos Afrobasileiros e Indígenas do Campus Boa Vista Zona Oeste (NEABI/CBVZO). É docente do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF) da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Doutor em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA), com estágio Estudiante Tesista de Postgrado no Laboratorio de Procesos Etnopolíticos y Culturales do Centro de Antropologia do Instituto Venezolano de Investigaciones Científicas (IVIC). Mestre em Planejamento do Desenvolvimento (NAEA/UFPA) e bacharel em Administração pela Faculdade Ideal – FACI, atual Faci Wyden, com Certificação de Qualidade pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), da Associação Brasileira de História Oral (ABHO), da Associação Nacional de História (ANPUH), da Red de Patrimonio de Venezuela (REDpatrimonio.VE), da Rede de Pesquisadores de Turismo, Patrimônio e Políticas Públicas da Pan-Amazônia (TPP – PAN-AMAZÔNIA) e do Amazonicidades – Observatório das Cidades, Vilas e Territórios Amazônicos. Estuda Kimbundu aos sábados e fabula sobre o silêncio o restante da semana. Temas de interesse: festas, conflitos socioambientais, materialismo do simbólico, patrimônio imaterial, Venezuela (política, imaginário e realidade), etnopolítica, teoria crítica racial, vida associativa, administração politica, campos de produção das culturas e suas arenas públicas, espaço público e produção social da cidade, história oral e coterorização, etnografias críticas, planejamento e gestão do turismo na Amazônia, e história do Estado e das instituições.

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