Arquiteturas da Ventura: os terreiros de candomblé de Cachoeira e São Félix

A presente tese visa defender a hipótese de que as Arquiteturas dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix diferenciam-se por serem compostas por processos contínuos de hibridação que edificam lugares próprios. As arquiteturas dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix são uma criação Afro-brasileira com lugares e dimensões simbólicas próprias. Para defender essa proposição tivemos que, primeiramente, conceituar a arquitetura, que aqui é entendida e definida como edificar lugares. Entendendo o lugar como o espaço vivenciado pelo homem que lhe atribui através de sistemas simbólicos um sentido, significado e valor. E, em seguida, desvelamos esses lugares singulares, particulares, próprias dessas arquiteturas através de três linhas de análise e abordagens metodológicas, nossos “caminhos interpretativos” que originaram três capítulos: transformações-permanências que originou o Capítulo I – Arquiteturas em Transe; híbrido-enlace arquitetônico do qual decorre o Capítulo II – Arquiteturas Mundanas; e, território rede-teia de significações que originou o Capítulo III – Arquiteturas Itinerantes. Na introdução trazemos uma revisão bibliográfica sobre os estudos dos Candomblé de Cachoeira e São Félix, sobre a Arquitetura dos Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix, a problemática e a hipótese proposta, os objetivos do trabalho, o aparato metodológico e uma revisão bibliográfica sobre arquiteturas sem arquitetos e, principalmente, sobre o conceito de “lugar” no campo disciplinar da Arquitetura e do Urbanismo. No primeiro capítulo, Arquiteturas em Transe buscamos nos terreiros Lobanekum, Ilê Axé Itaylé da nação Nagô-Vodum, Viva Deus da nação Nagô-Ixejá, Aganju Didê da nação Nagô-Tedô, e o Ilê Axé Ogunjá da nação Ketu, os lugares particulares que permanecem, envolta a tantas transformações, lugares que condensam os valores de culto, parentesco e ancestralidade atribuídos por essas comunidades terreiros. No segundo capítulo, Arquiteturas Mundanas tratamos nos terreiros Ogodô Dey da nação NagôKetu, Capivari (Pé da Cajá) e o Lobanekum da nação Nagô-Vodum, Dendezeiro da nação Angola, e Rumpame Runtóloji da nação Jeje-Mahi, as combinações, agregações, relações, enlaces, e entrelaçamentos de elementos culturais diferentes ao longo do tempo na criação de lugares próprios. No terceiro capítulo, Arquiteturas Itinerantes, buscamos a rede de lugares sagrados, particulares, em três escalas: arquitetura, cidade e região. Na escala da arquitetura, foram trabalhados os terreiros Raiz de Airá e Ilê Axé Oba Curuji da Nação Nagô-Vodum, e a Roça do Ventura da nação Jejê-Mahi; na escala da cidade, os lugares: esquinas, encruzilhadas, morros, pedras, árvores, riachos do Caquende, da Levada, do Capivari, e rio Paraguaçu, Oba Tedô, Ponte e o Viaduto do Batedor, Cemitério dos Africanos, Mata da Catuaba, Pilar Central da Ponte D. Pedro II, Trevo dos Escravos, Lagoa Encantada, Pedras do Cavalo e Rachada; e, na escala da região: a Festa da Pedra da Baleia. A conclusão encerra o trabalho e discorre sobre o processo de agregação cultural – a hibridação – presente nos três capítulos.

Como citar...

VELAME, Fabio Macedo. Arquiteturas da Ventura: os terreiros de candomblé de Cachoeira e São Félix. 2019.

fabio-macedo-velame-_abpn_areas-academicas_tese_arquitetura-e-urbanismo

Fábio Macêdo Velame

Possui Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da UFBA (2003), Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU-UFBA, na linha de Teoria e Crítica da Arquitetura e Urbanismo, área de concentração em Urbanismo (2007), e Doutorado em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU-UFBA, na linha de Restauração, Conservação e Gestão de Bens Patrimoniais, área de concentração em Urbanismo (2013). Professor visitante em estágio pós-doutoral no Institut des Mondes Africains – IMAF da L´Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales – EHESS, Institut des Recherce pour le Développement -IRD, et Université Paris 1 Panthéon Sorbonne, Paris, França. Atualmente é Professor Associado I (D.E.) da FAUFBA, professor do RAU+E Curso de Especialização em Assistência Técnica para Habitação e Direito à Cidade: Residência Técnica em Arquitetura, Urbanismo e Engenharia FAUFBA. Pesquisador Permanente do CEAO Centro de Estudos Afro-Orientais UFBA. Professor Permanente do PPGAU Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo UFBA. Líder do grupo de pesquisa EtniCidades: Grupo de Estudos Étnico-Raciais em Arquitetura e Urbanismo – CNPQ/FAUFBA. Membro do grupo de pesquisa Patrimônio e Identidades: pesquisa multidisciplinar em relações étnico-raciais e estudos africanos do Pós-Afro da FFCH/UFBA. Membro do grupo de pesquisa MALOCA:Grupo de Estudos Multidisciplinares em Urbanismos e Arquiteturas do Sul – CNPQ/UNILA. Membro do AFROARQUI: rede de pesquisadores africanos e brasileiros sobre as arquiteturas e cidades africanas e afro-brasileiras. Membro do REDEAfricaS: rede de pesquisadores sobre a África Lusófona e suas diásporas nas Américas – IMAF Paris e IMAF Aix Marseille Université. Coordenador nacional da área de Arquitetura e Urbanismo da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN. Membro da Associação dos Pesquisadores Negros do Estado da Bahia – APNB. Membro da Associação Brasileira de Estudos Africanos – ABEA. Membro do Colegiado Setorial de Culturas Afro-Brasileiras da SECULT-Secretaria de Cultura do Estado da Bahia para o biênio 2014-2016. Superintendente de Meio Ambiente e Infra-Estrutura da UFBA – SUMAI/UFBA (2013-2022). Coordenador do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo PPGAU (2022). Têm experiência na área de Arquitetura e Urbanismo com ênfase em Cidades Africanas, Arquiteturas e Urbanismo Africano, Diásporas Negras e Cidade, Arquiteturas e Cidades Afrodiaspóricas, Racismo e Cidade, Arquiteturas de Povos e Comunidades Tradicionais, e Arquiteturas de Grupos Étnico-Raciais: Arquiteturas Afro-brasileiras – Habitação Escrava, Remanescentes de Quilombos, Terreiros de Candomblé, Afoxés, Blocos Afro, Maracatus, Congadas, Marujadas; Aldeias Indígenas; Comunidades de Fundos e Fechos de Pasto; Povos Ciganos; Ribeirinhos; Comunidades Extrativistas; Colônias de Pescadores e Marisqueiros; e, Gerazeiros. ORCID: 0000-0003-4414-2521

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