Chamada para o dossiê: “Perspectivas Antropológicas Afrolatinas e Caribenhas: a atualidade do racismo, fascismo e neoliberalismo em nossos contextos”
A Revista Tessituras, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGAnt – UFPel), abre chamada de artigos originais para a composição do dossiê “Perspectivas Antropológicas Afrolatinas e Caribenhas: a atualidade do racismo, fascismo e neoliberalismo em nossos contextos”, a ser publicado em seu volume 8, número 2 (jul-dez 2020), sob organização das professoras Vera Rodrigues (UNILAB), Rosane Aparecida Rubert (PPGANT/UFPEL) e Luciana de Oliveira Dias (UFG).
As últimas décadas, no âmbito da América Latina e Caribe, foram marcadas pela assunção da temática étnico-racial como importante dimensão a ser considerada na recomposição dos regimes democráticos. Os ativismos negros ressurgiram com força, interpelando sedimentadas narrativas sobre o Estado-Nação; conquistando significativos espaços na esfera pública e jurídico-estatal, por meio de políticas de reconhecimento, de ações afirmativas e de criminalização do racismo; e, sobretudo, impondo inflexões epistemológicas na esfera da produção do conhecimento, descortinando a colonialidade que perpassa a razão racializada hegemônica. Conceitos como “amefricanidade” (Lélia Gonzalez), “consciência negra do negro” (Achille Mbembe), “lugar de fala” (Djamila Ribeiro, dentre outras/os) balizam a importância da posicionalidade na produção do conhecimento. No momento atual, porém, observam-se movimentos de reação a esses processos, originando cenários contraditórios. Direitos territoriais e patrimoniais consolidados, de comunidades negras e povos originários, são recorrentemente suspensos em nome do desenvolvimentismo neoliberal; implementações de políticas antirracistas tropeçam na reiteração de estereótipos racializados em espaços cotidianos de convivência e nas mídias digitais; direitos fundamentais são taxativamente liquidados por uma “necropolítica” de estado, cujos dispositivos militarizados têm como principal alvo a eliminação ou encarceramento de corpos negros; ultrapassadas narrativas sobre a formação de uma nacionalidade homogênea ou “pura” são recicladas, alcançando o status de discurso de Estado, erigindo-se, inclusive, em alguns casos, em barreiras à livre circulação migratória. A proposta deste Dossiê é reunir um conjunto de olhares de pesquisadores(as) negros(as), latino-americanos(as) e caribenhos(as), que mantêm um diálogo com a perspectiva antropológica, sobre essa realidade multifacetada e contraditória. Objetiva-se explorar as possibilidades e limites da Antropologia, na abordagem dos atuais movimentos de codificação das diferenças – fenotípicas, nacionais, culturais, religiosas, de gênero – como marcadores de desiguais estatutos de humanidade.
Prazo para envio de manuscritos: 30/Jul/2020
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