Em um país em que mais de 50% de sua população é autodeclarada negra e o racismo ainda é cristalizado em suas estruturas é preciso que ações afirmativas como a lei nº 10.639/2003 sejam plenamente consolidadas e que suas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (DCNERER) sejam discutidas entre educadores(as) de diferentes áreas e etapas de ensino, para
que se transformem em práticas pedagógicas efetivas no enfrentamento ao racismo nas escolas.
O objetivo desta pesquisa foi de analisar práticas pedagógicas de Educação das Relações Étnico-Raciais na Educação Básica do estado do Acre, promovidas por profissionais em
educação, que tenham formação mínima em Educação das Relações Étnico-Raciais, desmembrando este objetivo em outros três específicos: conhecer outras pesquisas que tenham
objetivos e questões de estudos semelhantes a esta com as quais esta tese possa dialogar; identificar práticas pedagógicas em educação para as relações étnico-raciais que têm sido
desenvolvidas nas escolas acreana pelos sujeitos desta pesquisa; compreender elementos nas unidades escolares que podem favorecer a aplicação e a sustentação de práticas pedagógicas
em Educação das Relações Étnico-Raciais. Esta pesquisa baseou-se no método quantiqualitativo, com sua coleta de dados realizada por meio estudo de revisão, bem como
questionários, entrevistas dirigidas, grupos de discussão, contação de história; dados estes que foram registrados e organizados em relatórios de campo, áudios, recursos imagéticos e em formulários digitais. O estudo de revisão de literatura, desenvolvido no primeiro capítulo, realizado entre 2015 e 2019, demonstrou que estudos como estes são realizados com destaque para a região Sudeste, para o ano de 2018, para pesquisadoras mulheres e na etapa da Educação Infantil, com metodologia, referenciais teóricos e resultados aproximados aos desta pesquisa.
O segundo capítulo apontou uma grande variedade de práticas pedagógicas em ERER realizadas nas unidades escolares visitadas, por meio dos sujeitos desta pesquisa, ou seja,
discentes, docentes e gestores, que apontaram desde rodas de conversa, uso de livros e leituras, a eventos, sobretudo os voltados para a Consciência Negra. E o terceiro capítulo apresentou a formação em ERER como o principal fator a ser considerado no desenvolvimento da lei nº 10.639/2003 e suas DCNERER nas escolas, predominantemente ministradas pelos Neabs e grupos correlatos das IES Foi comprovada a tese deste trabalho, de que uma educação para as relações étnico-raciais, em acordo com as DCNERER (2004) nas escolas, desenvolvida por educadores(as) com formação mínima na temática, é possível. Não apenas é possível na prática pedagógica isolada deste indivíduo, como esta possibilidade se amplia para toda a unidade e comunidade escolar por meio da reprodução dos conhecimentos do sujeito com a devida formação em ERER para os(as) colegas(as) de trabalho, potencializando assim as formações em ERER por meio dos seus agentes multiplicadores, formados e formativos para promover
igualdade racial por meio de suas práticas pedagógicas em suas escolas.
Rocha, Flávia Rodrigues Lima da. Práticas pedagógicas em educação das relações étnico-raciais em escolas do estado do Acre. 2022.
Possui graduação em História (2005) e mestrado em Letras: linguagem e identidade (2011), ambos pela Universidade Federal do Acre (Ufac). É doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná. É professora Adjunta da Ufac, onde é lotada na área de História do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, onde ministra as disciplinas de Estágio Supervisionado do Ensino de História e coordena o Programa de Residência Pedagógica do Curso de Licenciatura em História. Na Ufac também é professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação e lidera o Grupo de Pesquisa “O processo de Construção do Docente em História: possibilidades e desafios da formação inicial e da formação continuada do fazer-se historiador em sala de aula”. Além disso, coordena o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre e tem coordenado, desde 2015, o Evento “Semana em Favor de Igualdade Racial”. É editora chefe da Revista Em Favor de Igualdade Racial, com Qualis B1. Coordena o Projeto Afrocientista, em âmbito local, desde 2021.
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