Projeto Meninas vão além

A Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) – ABPN é uma das seis instituições selecionadas no edital Meninas Que Vão Além do British Council, por meio do programa UK-Brazil Skills for Prosperity.

A ABPN iniciou sua atuação nos anos 2000 com o intuito de reunir pesquisadores negros e negras e pessoas que pesquisam as temáticas étnico racial no Brasil. Como associação civil, sem fins lucrativos, filantrópica, assistencial, cultural, científica e independente, a ABPN tem como proposta o ensino, pesquisa e extensão acadêmico-científica sobre temas de interesse da população negra no país.

A associação constitui uma importante rede no combate ao racismo, preconceito e à discriminação social direcionando suas iniciativas para a divulgação acadêmica e científica, articulação social e formação de lideranças. Atua em parceria com núcleos de pesquisa de universidades, em todo território nacional, com a educação básica, ensino superior (incluindo graduação e pós-graduação). A ABPN busca construir um trabalho antirracista e que promova a equidade de raça e gênero, para tanto, a instituição está organizada em áreas científicas de atuação como ciências e tecnologias, comunicação e mídias, filosofia africana e afrodiaspórica, religião e racismo religioso, feminismos negros, literatura e artes, patrimônio e memória, territorialidade, saúde, entre outras.

Desenvolvendo o potencial de meninas negras

Para Silvani Valentim, secretária executiva da ABPN e professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/MG), o grande desafio que as meninas encontram na educação são as limitações decorrentes das questões de raça e gênero, em que acabam sendo tolhidas diante dos papéis sociais de gênero. No que diz respeito às meninas negras, as limitações no processo educacional ficam mais evidentes diante do processo histórico brasileiro de discriminação, preconceito e desigualdade. Outro ponto trazido por Silvani Valentim diz respeito a importância da escola na construção social dos alunos e alunas, pois é necessário pensar a escola como um lugar de formação, garantia de direitos e possibilidades para o futuro.

“As meninas estão indo para escola cada vez em maior número, mas o incentivo para que elas se engajem no desafio da aprendizagem e em se manter na escola, de enxergar a escola como um espaço no qual elas podem construir projetos de futuro e possam desenvolver suas competências e habilidades é muito limitado e tolhido. A escola precisa se compreender como um espaço em que as meninas podem realizar-se como pessoas, como meninas”, afirma Silvani.

Aumentando a participação de meninas negras nas escolas

Minas Negras é um projeto concebido pelas pesquisadoras vinculadas à ABPN, do núcleo de pesquisa sobre feminismos negros e vai acontecer simultaneamente em seis polos de educação, situados nos estados de Maranhão, Paraná, Minas Gerais, Ceará, Bahia e Alagoas. Todos esses estados contam com um núcleo de pesquisa vinculado, em sua maioria, à uma universidade com pesquisadores que fazem parte da associação e que levarão o projeto para escolas públicas das regiões.

Primeiramente, o projeto promoverá ações voltadas para as temáticas de gênero e raça com toda a comunidade escolar, para todos os alunos que desejarem participar, incluindo as direções das escolas e professores em exercício. Em um segundo momento, o Minas Negras vai selecionar 42 meninas negras dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental para participarem de rodas de conversa, entrevistas com mulheres, trabalhos em grupo, processos de escrita, entre outras iniciativas. Para viabilizar a participação das meninas negras, o projeto oferecerá uma bolsa auxílio para todas as meninas selecionadas e pretende, além disso, trabalhar com formação de professoras nas escolas que fazem parte do projeto.

“A gente acredita que pode colaborar com as aspirações das meninas negras. Podemos contribuir, fortalecer e empoderar para que elas se sintam cada vez mais fortes para realizarem seus sonhos. É próprio do adolescente sonhar e quando não está sonhando é porque os desafios e a vida são muito duros com eles e elas”, acrescenta Silvani.

O projeto vai trabalhar a partir de quatro eixos temáticos (literatura afrodiaspórica, educação STEAM e mercado de trabalho, aprendizado da língua inglesa e educação, artes e saberes ancestrais) com o intuito de construir práticas pedagógicas e processos formativos com meninas negras, respeitando as particularidades de cada região.

A ABPN acredita que é fundamental criar projetos focados nas meninas negras desde os anos iniciais da educação, trabalhando sempre com a autoestima das meninas negras e suas perspectivas para o futuro, favorecendo, assim, o aumento da participação delas nas escolas.

Referência:

https://www.inglesnasescolas.org/headline/minas-negras-trabalha-em-rede-para-realizar-potencial-de-meninas/