Na sexta-feira, dia 22/11, o Campus Votuporanga do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) promove o 2º Concurso de Beleza Negra. Iniciativa do projeto de extensão “Des-construindo Padrões”, o concurso tem como propósito ressignificar paradigmas estéticos adotados pela sociedade ditos como perfeitos e bonitos como o “eurocêntrico” e, também, contribuir para a valorização da Cultura Afro-Brasileira.
A coordenadora do concurso, Tatiane Salles, explica que, com os inscritos – estudantes autodeclarados negros do ensino médio das redes pública e privada do município do noroeste do Estado de São Paulo –, serão trabalhadas questões de empoderamento e de valorização da cultura a qual pertencem. “É importante que eles saibam que o lugar de fala deles é qualquer lugar e não aquele que a sociedade impõe. Com eventos assim combatemos, ainda, atitudes racistas dentro e fora da instituição”, disse a bibliotecária e documentarista do campus, Tatiane Salles.
A exemplo do IFSP, demais instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica também promovem em seus espaços a Semana da Consciência Negra. Diversas atividades são realizadas tendo como princípio a inclusão, uma das vertentes de atuação do atual modelo de ensino que preconiza a educação pública, gratuita e de qualidade.
A Lei nº 12.519/2011, que oficializou 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, tem apenas oito anos. Como também é recente a Lei 10.639/03, alterada pela 11.645/08, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio.
No Campus Valença do Instituto Federal Baiano (IF Baiano) está em andamento a Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-brasileira na Educação. Com caráter multidisciplinar, o curso propicia a discussão das temáticas “A História do Negro no Brasil” e “Introdução à História da África”, bem como os tópicos: “Gênero e Afrodescendência”; “Artes Negras”; “Literatura Negras”; dentre outros.
A cultura afro-brasileira influenciou profundamente a organização social e econômica, além da ciência e tecnologia do Brasil, de acordo com a coordenadora do curso, Nelma Barbosa. A professora exemplifica que os africanos escravizados dominavam conhecimentos necessários para os processos coloniais da época, tais como os das culturas agrícolas da cana-de-açúcar e do café e de ciclos como os da pecuária e da mineração. “Os saberes dessas populações foram essenciais para que as atividades fossem bem-sucedidas para a metrópole portuguesa, mas o processo de colonização se sustentou na exploração da mão de obra escravizada e organizou uma sociedade racista em todas as suas estruturas”, declarou.
Para a docente, a Educação é um instrumento transformador da realidade atual marcada pelo racismo, discriminação e desigualdades. “A Educação transforma. É preciso estudar a contribuição desses povos, promovendo novas abordagens e problematizações em todas as áreas do conhecimento. Só assim deixaremos de naturalizar a discriminação racial e as desigualdades do Brasil. Nosso País é racista, sim. Basta cruzar os índices sociais com a cor e a gente vai perceber que quem tem menos oportunidades ou acesso à cidadania são aqueles que têm a pele mais escura”, complementou.