Escrito por: Helen S.
Publicado por Maria V. Gonçalves
Também ensaísta, capoeirista, rapper, e técnico em educação, Elio Ferreira é uma figura múltipla que já deixa saudades
É com profundo pesar que a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as se despede do professor Élio Ferreira de Souza, docente decano do curso de Letras, professor permanente do Mestrado em Letras da Universidade Estadual do Piauí (UESPI; líder do Núcleo de Estudos e Pesquisa Afro (NEPA-UESPI) e nosso associado. O professor morreu no início da noite desta quinta-feira (11). Ele estava enfrentando um câncer e estava internado em um hospital de Teresina.
Ao longo de sua rica trajetória de ativismo pela causa da população negra, o poeta Élio Ferreira presenteou o mundo com diversos livros de poesia, cada um deles um marco em sua obra e na literatura afro-brasileira.
- Canto sem viola (1982): Sua estreia no universo editorial, um convite à imersão na musicalidade e na força dos versos do poeta.
- Poemartelos (o ciclo do ferro) (1986): Uma homenagem à ancestralidade e à luta do povo negro, entrelaçando poesia e história.
- O contra-lei (o ciclo do fogo) (1994): Uma explosão de versos que desafiam o status quo, ecoando a resistência e a busca por justiça social.
- O contra-lei e outros poemas (1997): Uma coletânea que reúne o poder de seus poemas anteriores, consolidando sua voz única na literatura brasileira.
- América Negra (2004): Um tributo à herança africana nas Américas, tecendo laços entre culturas e celebrando a diversidade.
Mas a genialidade de Élio Ferreira não se limitou à poesia. Em 2005, publicou Identidade e solidariedade na literatura do negro brasileiro: de Padre Antônio Vieira a Luiz Gama, um estudo profundo e original que o consagrou vencedor do concurso de ensaios Mário Faustino.
Sua paixão pela cultura e literatura afro-brasileiras o levou a concluir, em outubro de 2006, a tese Poesia negra das Américas: Solano Trindade e Langston Hughes, pela qual recebeu o título de Doutor em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco.
Élio foi, sem dúvida, um professor que muito ensinou com sua vida sobre a cultura brasileira, cuja obra continua a inspirar e desafiar gerações. Seus versos ecoam a luta por justiça social, a celebração da identidade negra e a beleza da diversidade cultural. Que seu legado jamais seja esquecido e a sua memória seja sempre lembrada.