Em 4° edições transformando a vida da juventude negra para a construção de si e de suas carreiras científicas, o Projeto Afrocientista realizou na última sexta e sábado (27 e 28) o primeiro encontro nacional que contou com a participação de mais de 100 jovens de todo o Brasil.
Escrito por Helen S.
Revisado e publicado por Yure Gonçalves
Fotos de Yure Gonçalves/ABPN e Ketlin Mouzinho/Afrocientista
Regado de muitas emoções inesquecíveis e perspectivas futuras promissoras, o 1º Encontro Nacional Afrocientista aconteceu nos dias 27 e 28 de outubro na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), realizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores (as) Negros (as) – ABPN, o Consórcio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (CONNEABS) e o Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Públicas, História, Educação das Relações Raciais e de Gênero (GEPHERG/UNB), com o apoio do Instituto Unibanco, UNB/FE e Instituto Federal de Ciências e Tecnologias de Brasília – IFB.
Marcaram presença no evento a secretária da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação (SECADI/MEC), Zara Figueiredo e o ex-presidente da ABPN e atual assessor da SECADI, Cléber Vieira. Pela ABPN, a presidenta Iraneide Soares e a Diretora de Relações Internacionais, Silvani Valentim, estiveram participando das atividades em todo evento, dialogando com os (as) estudantes e docentes. Pelo Instituto Unibanco (instituição apoiadora do projeto), estavam presentes João Marcelo Borges, gerente de Pesquisa e Inovação e Caio Callegari, coordenador de Inovação em Políticas. Além das mais de 150 pessoas de todas as regiões do Brasil, incluindo estudantes, docentes, parceiros (as) e voluntários (as) do projeto.
4ª Edição do Afrocientista e o 1° Encontro Nacional
O Projeto Afrocientista esta vivendo a sua 4ª edição e desde 2019, ano que marca a sua 1ª edição, vem proporcionando a jovens da educação básica a oportunidade de construir repertório político, científico e tecnológico pautados numa educação antirracista; desenvolver habilidades e valores condizentes com uma sociedade democrática e equânime no que diz respeito à construção de futuros (as) cientistas negros (as) nas diversas áreas do conhecimento.
A juventude negra participou do Encontro de forma ativa e protagonista, sendo tratada com todo respeito e acolhimento que pessoas negras comumente não encontram nas Instituições de Ensino Superior (IES) e nos demais espaços de poder. Puderam compor mesa com orientadores (as), coordenadores (as) de Núcleos Afrocientista; personalidades importantes do movimento negro e da produção científica negra da ABPN, tais como: Prof. Dr. Carlos Benedito Rodrigues da Silva (UFMA), Prof. Dr. Antônio Baruty (UFPB), Profa. Ma. Helena Rocha (IFPA), Profa. Dra. Flávia Rocha (UFAC); Profa. Dra. Renísia Garcia (UNB); Profa. Dra. Silvani Valentim (CEFET-MG e Diretoria de Relações Internacionais da ABPN); Profa. Dra. Deborah Santos (UNB) e Luciane Dias (UFU).
Os (As) Afrocientistas estiveram em destaque discutindo temas da educação, do mercado de trabalho, da carreira científica e do racismo, atravessando questões como identidade e autoestima, currículo e representatividade. O material vai compor uma websérie que ficará disponível no canal do Youtube da ABPN e do Projeto, produzida pela BemTv, uma organização sem fins lucrativos que trabalha, desde 1992, com mídia e educação junto a jovens em territórios populares.
MEC oficializa parceria com ABPN no Projeto Afrocientista
A presença da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação (SECADI/MEC) estava alinhada às perspectivas de continuidade e expansão do Afrocientista. Na ocasião, a secretária Zara Figueiredo realizou uma fala saudando a importância da escola na transformação da sua vida e na vida da juventude negra, destacou ainda que “as políticas universalistas, elas não dão conta de lidar com os grandes desafios da educação, e portanto na minha análise, esse projeto, ele nada mais é e substantivamente ele é um princípio de ação afirmativa na educação básica”. Zara anunciou que o Ministério da Educação, por meio de SECADI, estava formalmente ingressando como parceiro do Projeto Afrocientista, investindo em caráter imediato um montante de R$ 450.000,00 (quatrocentos e cinquenta mil reais) para capilarizar ainda mais as ações do projeto no estado brasileiro e levá-lo para todos os estados e o distrito federal.
A presidente, Profa. Dra. Iraneide Soares, comemorou o anúncio feito pela MEC e destacou “(…) essa parceria é primordial para seguirmos alcançando a juventude negra brasileira. Com o apoio do MEC, o projeto Afrocientista poderá ocupar todo o território nacional, fomentando a ciência negra e promovendo rupturas epistemológicas no currículo oficial, desde a educação básica. Nesse entendimento, reforçamos que a ABPN seguirá contribuindo com a carreira acadêmica da juventude negra, sim!”
E o que dizem as (os) Afrocientistas?!
A estudante do curso de Pedagogia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – campus Pontal e bolsista do projeto Afrocientista, Lais Santos comenta sobre sua experiência no 1º Encontro Nacional Afrocientista. Segunda ela: “A realização deste encontro pode revelar o quanto o Projeto Afrocientista é transformador. Vivenciar jovens negros (as) apresentando propostas científicas, acadêmicas e políticas, vai além do que nossos (as) ativistas sonharam na década de 60, do século XX.
Foi uma experiência que mexeu com as emoções e com saberes de estudantes da Educação Básica, professores (as) e discentes do Ensino Superior, e certamente ressoará em mudanças na nossa sociedade.”, destacou a estudante que está prestes a defender seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “O amor como ponte para aprendizagem: a prática docente e os debates da amorosidade em bell hooks e Paulo Freire”, sob orientação da Profa. Dra. Luciane Dias (UFU).
Mas o que seria um Afrocientista e o seu papel no mundo?
"Ser uma Afrocientista é desvendar a verdade e contar a real história. obrigado ao projeto Afrocientista por esta oportunidade, foi um momento maravilhoso que não sairá da memória, foi histórico!"
A estudante Katryne Ferreira refletiu que: “ser uma afrocientista é descobrir mais do mundo e lutar pra fazer dele um mundo melhor. Ser uma afrocientista é estar em um lugar onde sente-se acolhida, ser afrocientista além de tudo é viver, viver e aprender que nós sim podemos ser felizes lutando pelos nossos direitos. Ser uma afrocientista é ter orgulho de quem você está se tornando e ter orgulho do passado, o quanto nossos ancestrais lutaram e lutaram para o nosso mundo e hoje estamos aqui pra mostrar sim que eles estiveram lá, que eles sobreviveram à história, mas que não é a mesma que estão nos livros de história. Ser uma afrocientista é desvendar a verdade e contar a real história. O projeto afrocientista vem pra ajudar todos aqueles que querem descobrir essas histórias e nesses dias 27 e 28 tivemos a oportunidade de compartilharmos as reais histórias que descobrimos até aqui. Além disso, conhecer mais pessoas, conhecer pessoas incríveis e fortes que têm histórias emocionantes para contar. Eu tenho muito orgulho de ser uma afrocientista e por ter participado deste lindo evento onde foram incríveis emoções. Mas não tem palavras que descrevam realmente o que é ser um afrocientista, só vivendo e sendo um pra sentir o que é. É maginifico, é gratificante estar num lugar onde todos te escutem sem te julgar pela sua cor e raça. TENHA ORGULHO DE SER NEGRA/O! DESCUBRA A HISTÓRIA! FAÇA PROJETOS!”
A ABPN parabeniza a toda a juventude negra pela força em construir a própria trajetória, pautada no reconhecimento e valorização de si e da sua negritude, pelo engajamento e por fazer do 1º Encontro Nacional Afrocientista um momento de culminância tão especial e rico. Contem sempre com a ABPN para o que precisarem!
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